sexta-feira, 6 de julho de 2018

Mutilada Khady


Mutilada
Khady
Rocco
Páginas: 173
Resenha
A narrativa é uma catarse de Khady, senegalesa, criada em família polígama com várias mães e avós. Foi designada avó Fouley, a segunda esposa do seu avô que não tinha filhos.
Aos sete anos ela e outras meninas foram "purificadas", ou seja, .... "duas mulheres me agarraram e arrastaram para o quarto. uma atrás de mim, me segura a cabeça me seus joelhos esmagam meus ombros com todo o peso deles para que eu não mexa ...e uma ferreira com uma lâmina de barbear, comprada pela família, usa para retirar o clítoris. Ela teve uma semana de curativos, emplastros e preces e foi cicatrizando a ferida. Khady arrasta os sete anos para a sua vida com o marco da excisão , da morte de sua avó Fouley, o inicio das aulas. O tempo parou na mente... As páginas se arrastam muito para que Khady troque de idade. Ela se casa com 13 anos e meio com um primo que morava na França e apressa o casamento, pois tinha um mês de férias no Senegal. É consumado o casamento. Em 1975, Khady vai sozinha para França morar com seu marido que a espera no aeroporto.
Com dezesseis anos teve sua primeira filha Mouna (1976), veio a segunda filha Kiné (1977), a terceira filha Abi (1978), o quarto filho, Mory (1980) e quinta filha Binta (1985). Em 1985 seu marido se casa com uma segunda mulher de 15 anos de Senegal, que chega em 1986.
A vida de Khady para sustentar a casa e os filhos era intérprete, costureira, voluntária para ajudar outras africanas em Organizações, frequentou cursos para aperfeiçoar o francês, fez cursos.
As suas duas filhas Mouna, dois anos e Kiné, com dezoito meses foram "purificadas" na França feito pela prima ferreira que tomava conta das crianças, enquanto Khady estava hospitalizada na terceira gravidez, fl. 85. A reação de Khady ao saber da extiparção do clitóris de suas filhas pequenas é de aceitação e seria a sua escolha natural segundo ela, fls. 85.
A sua filha "Abi nasceu em dezembro de 1978 e ela aceitou que a cortassem também, quando o bebê mal completera um mês. ..." fls. 86
Khady só começa a se questionar sobre excisão quando na França a imprensa anuncia a morte de uma pequena maliana excisada na França.
..."A lei que proíbe a excisão no Senegal data de 1999."... fls. 87
O Governo Francês pagava os salário família ao pai. Que gastava como bem entendesse, A mulher quando trabalhava dava o seu salário para o marido. Khandy começou a se revoltar e não queria dar o seu dinheiro ao marido, Esta era um motivo para brigas, bem como, ele buscava sexo e não queria recusas. Quando ele soube que ela tomava pílula anticoncepcional a chamou de puta. Aliás, após a quinta filha ela colocou DIU. A relação abusiva que vivia se prolongou na França e piorou com a chegada da segunda esposa. A intervenção de familiares na França a favor sempre do seu marido e de que ela deveria obedecê-lo.
... "Sou uma mulher má, uma puta, desde o dia em que descobriu na minha bolsa as famosas pílulas.
-O que é isto aqui?
-Remédios!
-Ah sim!... Vocês mulheres, é isto o que tomam para não ter mais filhos, e para andar atrás dos homens! As mulheres que tomam pílulas são putas!..." pag. 100.
A segunda filha Kiné teve um acidente fatal foi atropelada e veio a falecr o que deixou Khandyer com depressão.
Khady com a Assistente Social conseguiu colocar os salário maternidade em seu nome, graças a ajuda de uma africana que escreveu que ela residia com suas filhas na casa dela. (mentira, que obteve o salário).
Conseguiu pedir o divórcio e a Seguridade Social da França obteve um apartamento que pode morar com os filhos. Depois conseguiu que sua família desfizesse o matrimônio. Que é apenas verbal.
Em 2002, Khady assumiu a presidência da rede européia para prevenção das mutilações genitais (EuroNet-FGM).
Está em constantes viagens e conseguiu refazer em termos amorosos, eis que tem um companheiro.
"Atualmente, as mutilações genitais femininas são praticadas em trinta países africanos, mais particularmente no Egito, no Mali, na Eritréia, na Somália... fls. 164.
....Infibulação ...cortar tudo: não sobra nada do sexo da menina. Nem clitóris ne lábios, nem grandes lábios. E a pobre criança é inteiramente "recosturada". Sexo fechado contra qualquer intrusão que não seja a do futuro marido que vai deflorá-la no casamento. Deixam-lhe apenas um minúsculo orifício para suas necessidades naturais. ... fls. 154.
Em resumo: uma menina excisada aos 7 anos, casada na adolescência pela vontade do pai, com um homem analfabeto, grosso, machista, procriando várias vezes e submissa totalmente ao seu dono. Mas, o que é alarmante que Khady, falando francês, com conhecimentos acima da média dos africanos, sem perceber suas marcas psicológicas a fazem refém num país distante de Senegal, com leis de proteção, mas ela atendia a pressão dos familiares africanos na França e de Senegal. Como estão suas filhas excisadas ainda na primeira fase da infância?



Nenhum comentário:

Postar um comentário